sexta-feira, 23 de maio de 2008

ATENDIMENTO DE VÍTIMAS EXPOSTAS À RADIAÇÃO IONIZANTE

A radiação ionizante é uma forma de ener­gia existente na natureza e produzida pelo ho­mem, em artefatos cuja seguran­ça, uma vez comprometida, permite seu acúmulo e dispersão em grande quantidade no ambiente. Dependendo da dose de radiação a que fica exposto um ser vivo, lesões definitivas de seus tecidos podem levá-lo à morte a curto ou mé­dio prazo. São lesões de natureza bioquímica. Os tecidos do organismo mais sujei­tos às alterações produzidas a curto prazo pela radiação ionizante são a mucosa digestiva e a medula óssea (produtora dos elementos do sangue). A longo prazo, a radiação eleva a in­cidência de neoplasia (câncer).

A radiação ionizante tem as seguintes me­didas principais:

Roentgen (R): unidade de medida de acordo com a ionização produzida num volume padrão de ar pela fonte radioati­va em estudo.

Rad (radiation absorbeb dose): unidade de medida da dose de radiação absorvida pe­los tecidos (l rad = l00erg de energia, que correlaciona a radiação absorvida em 1g de tecido).

Rem (roentgen equivalent man): uni­dade de medida que correlaciona a radia­ção absorvida com um índice que traduz o efeito biológico daquela forma especial de radiação.

Gray (Gy) = l00rad

Sievert (Sv) = l00rem


TIPOS DE VÍTIMAS DE RADIAÇÃO IONlZANTE

Vítima Irradiada: recebeu radiações ionizantes sem entrar em contato direto com a fonte de radiação. Sofre seus efeitos, mas não emite radiações ionizantes nem contamina o ambiente ou aque­les com quem entra em contato.

Vítima Contaminada: entrou em contato direto com a fonte de radiação e carrega consigo material irradiante, seja na superfície corporal (contaminação externa em cabelos, pele e unhas), seja na intimidade do organis­mo (contaminação interna por ingestão ou inalação). Sofre os efeitos da irradiação, irradia doses adicionais de radiação, que atingem o seu próprio organismo e o dos que a cercam, contaminando o ambiente e os demais, comunicando-lhes material ra­dioativo depositado na superfície cutânea ou eliminado por suor, saliva, fezes, urina e secreções.

A diferenciação entre um e outro tipo de vítima se faz pela história da exposição e pela detecção de radiação ionizante feita com detector.


TIPOS DE ATENDIMENTO

Vítima Irradiada: prestar o atendimento sem maiores precau­ções de proteção ambiental e pessoal, guar­dando distância segura da fonte de radiação.

Vítima Contaminada: usar equipamento de proteção individual. Na falta deste, usar várias camadas de rou­pas, esparadrapo fechando os punhos e torno­zelos, luvas e sacos plásticos sobre os calça­dos. Remover a vítima em caráter emergencial para longe da fonte de radiação (tração pelo eixo). Realizar abordagem primária. Agir com a maior rapidez e em sistema de rodízio com seus colegas, para diminuir e fracionar ao máximo seu ponto de exposição. Tão logo seja possível, cobrir a vítima com plástico. Se pos­sível, cobrir a fonte de radiação com chumbo, tijolos ou terra.
Se a vítima não apresentar risco imediato de morte, aguardar equipamento de proteção especializada (manta, avental, luvas e botas forrados de chumbo e máscara com filtro), transportar a vítima sumariamente imobilizada e convenientemente protegida para um hospi­tal, onde será feita a descontaminação. Acon­dicionar em sacos de lixo e em recipientes metálicos todo o equipamento de proteção in­dividual e as próprias vestimentas, além de providenciar para que sejam examinados por técnicos especializados. Submeter-se à descon­taminação e descontaminar a ambulância sob supervisão técnica.


PROGNÓSTICO

Dependente da dose, do tempo de exposição, da superfície corporal irradiada, da idade da vítima, de características biológicas individu­ais e outros fatores desconhecidos. Em linhas gerais:
· Dose <> 10 Gy: morte em 100% dos casos, mesmo sob condições terapêuticas excelentes (desnudação intestinal entre 3 e 120 dias).
· Doses > 100 Gy: morte em 1 ou 2 dias: insuficiência cardiovascular e neurológica: síndrome cérebro-vascular.


REFERÊNCIAS:

BRAUNWALD, E.; FAUCI, A. S.; KASPER, D. L.; HAUSER, S. L.; LONGO, D. L.; JAMESON, J. L.; Harrison’s Principles of Internal Medicine. 15th. ed. USA: The McGraw-Hill Companies, Inc., 2001.

DUNCAN, B. B.; SCHMIDT, M. I.; GIUGLIANI, E. R. J. Medicina Ambulatorial. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.

OLIVEIRA, B. F. M.; PAROLIN, M. K. F.; TEIXEIRA JR., E. V. Trauma Atendimento Pré-hospitalar. São Paulo: Atheneu, 2004.

ORLOWSKY, J. P.; SZPILMAN, D. Drowning – Rescue, Resuscitation, and Reanimation. Pediatric Critical Care: A new milennium. Pediatric Clinics of North America. V. 48; N. 3. Philadelfia: W. B. Saunders Company, 2001.

PETROIANU, A. Urgências Clínicas e Cirúrgicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.

SANTOS, R. R.; CANETTI, M. D.; RIBEIRO JR., C.; ALVAREZ, F. S. Manual de Socorro e Emergência. São Paulo: Atheneu, 2000.

SZPILMAN, D. Near-drowning and drowning classification: a proposal to stratify mortality based on the analysis of 1831 cases. Chest, p.112-113:660-5. USA, 1997.

Nenhum comentário:

Clique Aqui!
Clique Aqui!